em 22 de fevereiro de 2011 po JReeduca
A Bela, A Fera e o Processo Terapêutico Jay Reiss
Uma das formas que nós temos de aprender e ensinar através das gerações são as estórias e os contos populares. Nós nos identificamos com os personagens e seus conflitos e nos envolvemos com eles. Joseph Campbell descreve isso muito bem quando fala a respeito da saga do herói.
Estória e contos se tornam populares porque são formas de ilustrar a alma. Algumas são até clichês, mas o fato é que, se elas se tornaram populares é porque ressoaram em mentes e corações.
Uma dessas estórias é da Bela e a Fera. Quem não a conhece pelo menos já ouviu falar.
Um príncipe arrogante é transformado numa fera assustadora por uma feiticeira, para que ele pudesse reconhecer que a beleza é interior.
O herói cumpre o seu destino e desfaz o feitiço quando se apaixona por uma moça que o aceita como ele é.
Hum…
Deixe-me ver: alguém cuja atenção está tão consumida por um processo pessoal, sente-se refém de si mesmo(a) e se vê aprisionado numa condição indesejável.
Outro alguém ( nos contos de fadas é sempre uma mocinha linda ) lança um olhar além do circunstancial nesse primeiro alguém e enxerga o potencial humano num indivíduo preso às suas próprias auto-limitações. ( Retira o véu da ilusão)
O primeiro então se transforma em quem na verdade, sempre foi. ( Reencontra-se consigo mesmo)
Guardadas as devidas proporções dentro uma analogia, nós temos o seguinte:
- A Fera são os aspectos rejeitados de nós mesmos.
- A Bela é uma consciência com discernimento o suficiente para enxergar além do dilema inicial.
- A Feiticeira é o processo evolutivo e educador natural da existência, que nos humaniza ao reconhecermos nossas limitações e nossa necessidade de amor.
- Moral da estória: Amor é inclusão. Inclusão até mesmo de nossos aspectos mais sombrios. Dessa inclusão nasce a aceitação, e desta, uma possível transformação.
Me parece realmente que alguns contos de fadas são descrições poéticas da jornada de nossa alma.
E assim como nos contos de fadas e nas estórias, em nossa vida prática, apenas a descrição, ou o conhecimento teórico do processo não são suficientes para catalizar a transformação desejada. O processo terapêutico apresenta um viver consciente e corajoso de enxergar nossos medos e nossas dores e atravessá-los. Dessa forma, podemos nos reencontrar com aspectos muito maiores de nós mesmos, que em útima análise, sempre estiveram presentes em nós mesmos.
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